Desacertos
Primeiramente, minhas desculpas pela ausência de noticias no blog. Poderia desfilar nas entrelinhas inúmeras justificativas, entretanto sendo fiel ao propósito do blog de retratar a verdade, confesso que a razão foi preguiça mesmo. Não, não foi falta de assunto, pois nessa minha profissão temporária coisas inusitadas acontecem a todo momento. Eu queria mesmo escrever algo diferente de todos os relatos que vocês leram ate agora. Mas o que?
Uma simples mensagem de Prospero Ano Novo? Não, um tanto piegas para mim.
Está fazendo um ano que vivo no Oriente Médio, e resolvi fazer um balanço de tudo isso, de como eu vim parar aqui.
Fico imaginando se eu tivesse acertado tudo na minha vida, onde eu estaria agora, e fazendo o que? Sendo um diplomata, dando continuidade ao que estudei na Franca? Um piloto de avião se tivesse tirado meu brevê de piloto comercial? Dono de uma grife famosa, se não tivesse falido? Casado e com filhos, se eu não fosse um “fora do formato social”?
Como é engraçada a maneira que a vida nos leva através de nossos desacertos. Não diria erros, mas acidente de percurso, mudança de opinião relacionada a um determinado caminho a ser seguido.
Existem nessa nossa passagem na Terra duas coisas muito importantes na almejo de nossos ideais: vontade e tempo para tal realização .
Por mais empenhado que estejamos em nossa busca , nos deparamos com percalços; alguns difíceis de serem superados e que vão ganhando ou perdendo valores em nossas concepções de acordo com o passar do tempo. O que era importante ontem perde ou ganha importancia hoje ou amanha. Pode todavia, continuar sendo a vida toda de suma importancia.
Num passado não tão distante eu não me via fazendo outra coisa senão piloto comercial. A maquina me fascinava a tal ponto de ficar estudando horas a fio a sua maneira de funcionar. Pois é, mas não deu.
Outro dia eu estava na beira da piscina de um hotel em Cingapura, comendo Noodles frita (algo parecido com o macarrão do Yaksoba), pensando “como eu pude desacertar tanto nessa minha vida?”
Mas perae, do que estava eu reclamando? Eu estava comendo Noodles num hotel luxuoso em Cingapura. Noodles com azeitonas pretas crocantes.
Perae de novo, azeitonas pretas crocantes? Peguei um pedaço que ainda permanecia em meus lábios e notei que era a bunda de um besouro. Ia chamar o garçom para dar um tamanho esculacho, quando olho para o meu prato e vejo que formigas e besouros faziam parte da inusitada receita. Comi tudo, estava muito bom.
Continuei matutando sobre meus desacertos, com um pouco mais de otimismo desta vez. Vários deles me levaram até onde estou hoje, sem que eu sequer um dia tenha pensado em fazer o que faço e aonde faço.
O Ano de 2009 foi um ano de reorganização para mim, onde bati o pé no fundo do poço e caminhei para a surface. Um ano muito bom, onde descobri que tenho sorte, que tenho pouquíssimos amigos, incontestavelmente fiéis. Um ano, que me levou a apuros em Pequim, situações hilárias na Tanzânia e Sri Lanka, tenis roubado na India, a descobrir Austrália e Nova Zelândia. Foi o ano em que colhi coisas muito boas e apaixonantes resultadas de um desacerto no passado.
A lição que tiro de tudo isso, é que não devemos nunca nos entristecermos por algo não ter acontecido da maneira a qual desejávamos. A vida sincroniza e funciona maravilhosamente com os nossos desacertos. Seremos felizes sim, nos apaixonaremos muitas e muitas vezes, brincaremos carnaval, choraremos muito também... o desacerto faz parte, e a gente tem que aprender a viver com ele, sem frustrações.
Agora sei que onde quer que eu esteja, andando de maria fumaça ou elefante, comendo qualquer prato exótico, curtindo o lago do Ibirapuera num domingo com um amigo, hoje ou amanha, quaisquer sejam os percalços e meus desacertos, continuarei sempre focado na realizacao do meu ideal Rosa e Carvão. Este, não perderá importancia. Nunca!
Um feliz 2010 pra todos nos,
Cassio Leandro
Bem, realmente me faço as mesmas perguntas: e se eu tivesse continuado assim ou assado como estaria eu hoje? Mas pelo jeito, isso é um mal do ser pensante que somos nós, e por sermos pensantes vamos longe, muito longe por sinal (você por enquanto mais que eu :D). Pena daqueles que a preguiça os impede de pensar!
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