Pausa

Então, já que abriste a página, desligues teu blackberry, o msn e o skype e dedique-se quinze minutos de leitura nesse diario...



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O TOPO DA VAIDADE

A vaidade é um instinto, me atreveria a dizer que um dos mais aguçados no reino animal.

A corte ao sexo oposto varia muito de animal para animal, seja ele irracional ou não. Falemos então, sobre nos, os.... racionais.

O ser humano é vaidoso; isso é fato, e atualmente, homens e mulheres em igual proporçao. O homem está adepto aos cosméticos, á cirurgia estética e cuida também do cabelo. A mulher, vai das unhas, passa pela depilação e silicone, e o chega ao cabelo, o qual deve estar sempre impecável. Tudo em seu visual pode estar em construção, mas o cabelo tem que estar sempre perfeito.

O cabelo, pela atenção exigida no cotidiano feminino, pela energia gasta em sua preparação, e também pela própria localização no corpo humano, é certamente o topo da vaidade. É em seu trato que vemos o asseio da pessoa; se gosta ou não de entreter sua aparência. Cabelos secos, falhados, sem volumes, com caspa, denotam o que há de mais negativo ao asseio pessoal.

O cabelo traça sua trajetória desde a historia antiga até os dias de hoje, deixando nos séculos XVIII, XIX, e XX um sinônimo de boas maneiras e até mesmo posses.

Resolvi ir a fundo numa pesquisa sobre o cabelo, e descobri que vem do latim Picumanus, alterado aos dias de hoje para picumã, que conota um cabelo ruim, desidratado, e feio.

O Picumanus é muito importante na vida das mulheres mundo afora, algumas até apelam para o Picumanus Emendatum (aplique), ou as que vão mais alem, colocando francamente o Picumanus Artificiallus (peruca), essa ultima tendo sua popularidade no Egito antigo, nos séculos XVI e XVII, e muito utilizada também pelo imperador Frances Louis XIV, que adorava um polpudo Picumanus artificiallus.

Vale a pena redundar, dizendo que o trato ao Picumanus ocupa grande parte do cotidiano feminino; numa sexta-feira por exemplo, pode ir do bob até a prancha (a versao eletrica do antigo pente quente). A decisão final, vai depender do ultimo programa da previsão do tempo, dizendo se vai chover ou não. Nada deixa uma mulher mais nervosa do que ser pega desprevenida pela chuva, depois de tanto trabalho pra deixar o Picumanus apresentável.A festa acaba, e ela acha um jeito de dizer que nao está bem para sair de fininho... mas com o picumanus desajeitado, ela nao fica!

Certo dia, passeando pelo centro de Entebbe, importante cidade da Uganda, avistei uma negra muito bonita, com um viscoso Picumanos alourado até a altura da cintura. Estavamos em uma especie de feira livre. Me aproximei, me apresentei como turista brasileiro, e depois de um pouco de conversa, atrevi-me a perguntar se o Picumanus era verdadeiro.

_ Se o da Beyonce é, porque o meu não haveria de ser? – respondeu soltando uma gargalhada gostosa.

O fato é que o Picumanus, de certa forma formata a mulher. Vê-la com o Picumanus ordenado ou não, faz muita diferença.

Desta vez, o acontecido se deu em Manchester, no Reino Unido. Pelas tantas da madrugada, o alarme de incêndio do hotel disparou. Achei que não era nada grave. Em Dubai, o alarme do meu prédio vive disparando e ninguém se abala. Mas não, na Inglaterra, alarme de incêndio quando dispara, é incêndio mesmo. Botei a cara pra fora do meu quarto, e presenciei algo que nunca havia visto antes. Um monte de gente descendo as escadas, correndo com filho no braço, senhoras amarrando o roupão no corredor... vi coisas ali, que nem gosto de lembrar, tampouco posso relatar aqui. Peguei meu laptop, uma blusa de frio, meu passaporte e me juntei à multidão descendo as escadarias..

Os hospedes se encontravam no estacionamento, inclusive, algumas de minhas colegas de trabalho. Todos olhávamos pra cima, em busca do tal incêndio que nos tirara dos aposentos e nos expunha (alguns de maneira demasiadamente sem pudor), aos olhos curiosos de outras pessoas.

Percebi que na correria para o estacionamento, muitas mulheres, dentre elas minhas colegas, não tiveram tempo de ordenar o Picumanus o que resultou numa catástrofe visual.

Sarrista como sou, não perdi a oportunidade de fazer algumas piadas. Ia onde estavam algumas delas, e dizia:

_ Tenho a impressão de ter te visto em algum lugar, não? Aaaaah, é você! Desculpe, é que seu cabelo estava tão diferente que nem te conheci. – e saia rindo, deixando a colega num desespero de ajeitar o Picumanus em plena madrugada fria.

A chefe este dia era uma queniana bem negra, com os dentes brancos feito marfim. Uma negra bonita, a qual eu havia percebido durante o vôo, que usava um Picumanus artificiallus modelo Coco Chanel. Por infelicidade, a pressa não a deixou centralizar o Picumanus artificiallus na cabeça, e estava meio caído pra esquerda.

Quem me conhece, sabe que eu perco o emprego, mas não a piada. Aproximei-me sem que ela me visse, e dei um jeito de esbarrar nela, conseguindo que ela me dirigisse a palavra primeiro.

_ Nossa, onde será o fogo? – perguntou

_ Não sei – disse eu, olhando também para o alto do edifício. Perae, - continuei- acho que te conheço de algum lugar, não? Só um minuto – disse eu, ajeitando o Picumanus artificiallus no centro da cabeça dela. Nao sei porque, mas quando o Picumanus ficou bem centralizado, eu tive a leve impressao de escutar um "clic", daqueles que a gente escuta quando encaixa o cabelo do playmobil. Continuei:
_ Aaaaah Anne, é voce, nem tinha te reconhecido...

Ela riu, mas não gostou muito da brincadeira. No vôo de volta, cada vez que me via, ria (e eu também, até chorar), e ia em direcao oposta a minha.
Quando descemos fui falar com ela.

_ Me desculpe, mas a intenção foi te ajudar, o alarme de incêndio pegou todo mundo de surpresa..

Ali, rimos gostoso de toda a situação. Antes de embora ela me perguntou:
_ Ai, será que alguém mais viu? Dava pra perceber que não era meu?
_ Não não, só eu vi, foi por isso que ajeitei... não queria que rissem de você. E pode ficar tranqüila, esse corte está muito na moda entre as negras, ninguém diz que não é natural. Ate minha irma usa...

Menti para agradá-la, pois minha irma usa hoje um picumanus na altura dos ombros extremamente natural. Deu trabalho, mas ela chegou la.

Moral da historia, sempre diga que o Picumanus de uma mulher (emendatum ou artificiallus), está bonito. Você mente, mas faz uma mulher feliz.

sábado, 24 de outubro de 2009

MOMENTO PRESENTE

Andando mundo afora, além da paisagem local, do modo de vida que levam as pessoas, começo a perceber pequenos detalhes em minhas viagens.
Viajar vai criando em nossa mente um arquivo, e à medida que as descobertas crescem, vai juntando pecas de um quebra-cabeça imaginário
.
Não falarei hoje sobre um destino especifico, mas sobre algo comum em todos os lugares que visitei e que visitarei, pois faz parte do cotidiano de todos os seres humanos.
O banheiro, WC, casinha, casa de patente, toalete, etc., e o ritual de se freqüentar esse local, é ato extremamente importante em nossas vidas. É algo como colocar a cabeça no travesseiro antes de dormir. Nesta hora, estamos a sos com nossos pensamentos, refletimos, cantamos, lemos.

Ir ao banheiro é o nosso momento de solidão mais agradável. Bom, pode ser desagradável também, se estivermos com pressa. Pode ser até catastrófico.. Vamos chamar então o ato de ir ao banheiro de “Momento Presente”.

Lembro-me quando vi um toalete turco pela primeira vez. Era pequeno, e foi na firma onde meu pai trabalhava como torneiro mecânico. Perguntei a ele como as pessoas tinham o “momento presente” delas.
_ “De cócoras meu filho, tem que mirar no buraquinho...”

Anos mais tarde, encontrei esse tipo de banheiro em bares e restaurantes de Paris, inclusive, em um bar brasileiro no qual fui barman durante algum tempo.
Olhava aquele buraco de porcelana no chão, com muita apreensão; imaginava o quao dificil seria equilibrar-se sobre as pernas, sem nenhum apoio lateral. Só restava mesmo o apoio da “força de vontade” (ou a força e a vontade) na hora do “momento presente”.

Floristas ambulantes adentravam os bares e cafés para vender flores aos clientes durante o verao parisiense; e nós tínhamos nossa florista habitual.
Sonia, uma senhora argelina, certamente na casa do 60, vendia suas flores pelos estabelecimentos da Rue Montmartre. Parava sempre em meu balcão para tomar uma caipirinha e contar causos de seu pais.

Certa noite, o bar estava um pouco movimentado, e não pude dar muita atenção a Sonia.
Um grito rouco me assustou vindo do banheiro. Sonia tinha tido uma cãibra naquele toalete turco. Foram necessários seis clientes para tirar a velha dali. Meu apoio foi moral, pois nem sai detrás do meu balcão. Não queria ver aquela senhora nua, de cócoras, com a perna travada, e quem sabe... no meio do seu “momento presente”.
Senti pena dela, ficar de cócoras não era algo mais para a sua idade.
Ela entendeu, pois depois desse episodio, ela ainda passava ao bar, mas nunca mais foi ao banheiro. Deduzi que ela ia a algum outro estabelecimento da rua, onde pudesse ter seu "momento presente" de uma maneira mais convencional.

No mês passado, estive em Lagos na Nigéria, e fui surpreendido pela recepção no aeroporto. Eram muitas advertências quanto a nossa segurança e interdição de sair do hotel. Havia um policial armado no ônibus que nos conduziria ao hotel, escoltado por dois carros militares, um na frente e outro atrás. No hotel, um policial por andar. Me senti um prisioneiro, mas ao mesmo tempo, tinha aquela vontade de explorar o lugar.

Não é possível que em uma cidade com aproximadamente 10 milhões de pessoas, todas, ou sua grande maioria, fossem pessoas de ma indole!

Quando o ônibus parava nos faróis, eu abria discretamente a cortina, e pude ver que o banheiro publico era a céu aberto. Tratava-se de um retângulo de madeira, de 140cm aproximadamente de altura, e com três divisórias internas, logo, quatro banheirinhos.

Neguinho vinha ali, desabotoava as calcas, e descia de cócoras. Um toalete turco “a la nigeriana”.. Tido o “momento presente”, ergue-se as calcas ainda abaixado, levanta-se e a abotoa. Normal, qualquer um que passa num veiculo na rua, vê a cabeça do neguinho que esta, muito franco, tendo seu “momento presente”.
No hotel, tentei sair, dar uma volta. Queria dizer que “estive na Nigéria”, mas o guardinha não deixou. Disse que embora negro, eu não me vestia como africano, não andava como africano, e se fosse descoberto, poderia me trazer problemas. Consegui fazer com que ele me emprestasse uma camisa, para que eu pudesse parecer mais local.

Ficou preocupado com minha saída, mas eu disse que voltaria logo.
Andei cerca de três, quatro quarteirões, e vi que o banheiro publico era algo normal, uma espécie de “momento presente" compartilhado e sem pudor.

Andando ainda nas proximidades, achei meio funesto, o fato da loja de armarinhos, vender caixões fúnebres, ali, logo na porta do estabelecimento.
Voltei pro hotel, sabendo que jamais poderia ter meu "momento presente” da maneira nigeriana. Para mim, a intimidade se faz necessaria.
Voltando ao hotel, pensava no fato de se ter caixoes vendendo na calcada. Sera que teria isso a ver com a violencia urbana local? Resolvi apressar meu retorno, pois corria o risco de nunca mais ter um outro "momento presente" na vida

Não costumo ter meu momento presente no avião, não acho nada intimo, tampouco confortável.
Outro dia, no Sri-Lanka, cheguei ao hotel um pouco apurado. Era um hotel fazenda que fica no meio da floresta. Não gosto de estar apurado pro meu “momento presente”, Cheguei ao quarto, tirei a roupa, apanhei minha palavra cruzadas e prossegui para ter meu “momento presente”na paz.
Pousei. Procurei a pagina interminada do “Coquetel Grande Aquiles Nível Difícil”,e estava pronto quando um barulho de algo atrás do lixo me chamou a atenção.
Uma iguana preta, de uns 20cm, andando sobre as patas traseiras, passou ao lado do meu pe direito e parou no meio do banheiro.
A reação humana ante ao perigo, é algo fora do comum. Bloqueia-se até o “momento presente” em busca de salvar a pele.

Me senti ridículo, quando me vi no espelho com um pe em cima do vaso e outro sobre a banheira, palavra cruzadas numa mao, e caneta na outra..
O bicho se escondeu no meu quarto, pude me vestir e chamar todo mundo de direito pra tirarem aquilo que ousou a interromper meu “momento presente”, o qual fui te-lo apenas 24h depois, no avião de volta pra casa.

Hoje, quando chego a um hotel, antes de ter meu “momento presente”, saio batendo porta, empurrando lixo, para não ter nenhum susto e ter esse momento interrompido.

O "momento presente" de cada um, deve ser prezervado.


Abracos,

quinta-feira, 16 de julho de 2009

EM TERREIRO ESTRANHO, NAO SE TIRA O SAPATO

Caminho das Indias

Fala povo. Na terra dos sheiks, a vidinha de sempre. Academia e voo; nao passa disso. A unica coisa que mudou foram os termometros, que permanecem na casa dos cinquenta graus Celsius. Para nao ficar no oscio, leio, escrevo e as vezes apelo pro play station. Odeio videogames.
Quanto tomei a decisao de criar esse blog, assinei comingo mesmo a promessa de ser fiel ao que vejo e vivencio mundo afora.
Recitar-vos-ei contrariado, a minha viagem a India. Foi uma situacao embaracosa… mais do que Pequim.

Em ferias no Brasil, assistindo alguns capitulos do romance de Gloria Perez, comparei a realidade dos indianos em Dubai e aqueles de classe media alta, cheios dos panos e bijouterias que aparecem no folhetim. Aqui em Dubai, estao em todos os setores da sociedade, mas os encontramos em maior numero nas portaria dos predios, caixas de banco ou supermercados, postos de gasolina.

Me pronunciei diversas vezes sobre o choque cultural que vivo em cada voo ou destino, mas nenhum me foi tao chocante quanto ao que vivenciei desta vez.
Calcuta.

Uma favela imensa, onde pessoas lavam roupas na agua suja do meio fio, criancas fazem de piscina o esgoto a ceu aberto que tem no quintal, e outras buscando mais asseio, tomam banho de bacia com a mesma agua que a outra lavava a roupa.
Em Calcuta, tive a impressao que tudo se faz na rua. Cozinha-se na rua,, toma-se banho na rua, come-se na rua, faz-se a barba na rua, e o que voces estao imaginando, tambem na rua.
Nao terei vocabulario suficiente para vos precisar essa experiencia, mas a Madre Theresa, deveria ser canonizada por ter vivido e benevolado nessa cidade.
No veiculo de quarto rodas que nos levou ate o hotel, fui obrigado a me sentar ao lado do motorista, e com minha camera nao perdia nada… Avistei, trezentos metros a frente, uma vaca bem no meio da rua. O motorista, nada de desacelerar, e apesar de eu ser un santo, nao queria morrer em Calcuta. Discretamente disse ao condutor:
_ Look at the Cow!
Nada. Ia avancando na mesma velocidade.
_ Look at the Cooow! Looooook at the Coooooooow – repeti mais alto, mas o condutor estava inerte ao que eu dizia, da mesma maneira que o quadrupede vendo que o onibus vinha em sua direcao.
No ultimo momento, uma finta levou o veiculo pro outro lado da pista, desviando do animal. So entao, que um colega da tripulacao disse:
_ Hey Castro, aqui vaca eh sagrada, ninguem atropela.
Lembrei que ja tinha lido sobre isso em algum lugar. Na India, a gente faz cho cho pra vaca e pronto.
Meus colegas, preferiram ficar no hotel, que alias, era protegido pela policia e ficava bem no meio de uma favela… bom, ja disse que Calcuta e uma grande favela.
Resolvi ir ao orfanato da Madre Theresa, afinal, era uma das poucas atracoes da cidade. Uma unica colega resolveu seguir-me. Nao me recordo do nome dela, mas era da republica tcheca. Pegamos o taxi para ir ao orfanato.
No meio do trajeto, uma barata sobe na minha perna. Nao era essas baratinha brasileiras, que a gente mata com o pchi pchi do baygon ou Sbp. Era uma barata Indiana, Calcutaense… enorme, tinha uns sete centimetros. A matei, sem panico, obvio. Utilizei para tal proza, o telefone da tcheca – a menina da republica thceca- que estava no banco. Obviamente que ela nao gostou, mas era o que tinha na hora.
O orfanato, simples como a cidade, transmitia uma energia muito boa, passava uma grande tranquilidade.
Proxima parada, o templo do… aaah, um templo la, que tinha o Deus Shiva, e sua esposa.
O Taxi nos deixa bem na entrada de uma favela mais favela do que Calcuta. Um beco, onde tinha um monte de gente transitando e pelos gritos sabia-se que haviam comerciantes. O taxista fez sinal com que entrassemos.
Olhei pra cara da Thchea, num tom de indagacao sobre entrar ou nao ali. Entramos.
Pato, galinha, cachorro, gato, marreco, gato e bode transitavam por ali, como pessoas… era pato sem dono, cachorro sem dono, bode sem dono, e assim por diante. Como sera que sabiam qual era o marreco do fulano e o bode do ciclano. Gente vendendo coisa que nunca vi na vida, cozinhando alimentos de odores para mim nada familiares. Me senti no “Beco diagonal” do livro do Harry Potter; lugar estranho com gente esquisita.
Segui meu caminho. A tcheca apertava forte minha mao, e eu, a dela. Chegamos na entrada do templo, onde fomos acolhidos por um rapaz com um sorriso muito honesto.
_ Sejam muito bem vindos, que a energia deste lugar vos seja benefica em todos os sentidos.
Gostei. Senti que apesar do lugar –inclusive o templo- ser um favelao, as pessoas eram bem positivas.
_ A partir daqui voces vao ter que tirar os sapatos.
Nao gostei. O chao era tao imundo quanto ao do lado de for a do templo, sem contra que ali tambem haviam os animais soltos.
A tcheca nao queria tirar o Keds dela do pe, mas como nao tinhamos alternativas, sentamos num banquinho e colocamos nossos calcados junto com os demais ali.
O passeio se tornava inconveniente a cada vez que algo estranho adentrava o vao dos meus dedos do pe.
_ Eis a esposa do Deus Shiva, tem quarto bracos e tres olhos. Voce tem que ajoelhar e encostar a cabeca no pe da Deusa, em sinal de respeito.
Olho pra Tcheca, ela aprova, e eu bato a cabeca. Ela repete tambem a acao.
Continuamos andando pelo… templo, cruzando os animais, pisando naquele chao molhado, melado, grudento. Mas, quem esta na chuva eh pra se molhar, e quem ta na India…
Olehi pro pe da Tcheca, e senti uma vontade de rir ao ver aquele joanete gritante, bem curvado, pedindo pra ser limpo...
Nos deparamos agora na beira de uma piscina de agua turva, onde a frente havia novamente a imagem da Deusa.
_ Agora, voce coloca uma flor entre tuas maos, leva a cabeca, e coloca na mao da Deusa pra proteger seu irmao….
Cumpri o rito. Fiz isso sete vezes, pra irmao, irma, trabalho, saude, prosperidade, etc etc.
_ E por ultimo, voce tem que lavar a mao na agua desse tanque. Essa agua vem direto do rio Ghandi, e trocada uma vez por semana, e e sagrada.
Do nada, me veio uma sensacao de “déjà vu”. Entro em um “templo”, tiro o calcado, bato cabeca no pe da santa, jogo flor, e agora tinha que me lavar com uma agua estranha. Esse filme eu ja vi em outro canto do planeta. Muda-se o nome, mas a mandinga deve ser a mesma.
Enfim, a agua estava tao suja e fedida que eu me recusei a lavar as maos ali. O meu pe imundo, comecou a me incomodar. Peguei na mao da Tcheca, que jogou as flores dela de uma vez, e fomos em direcao a porta para calcarmos.
Nada de eu encontrar meu reebok entre os sapatos. O desespero de sair dali era tanto que eu e a Tcheca ficamos de quarto para procurar os calcados.
Ela olha pra minha cara, e por mais que eu nao quizesse traduzir aquele olhar, ela o fez:
_ Roubaram nossos sapatos. Roubaram nossos sapatos. Pegue outro, mas a gente nao pode sair descalco.
_ Eu nao vou colocar um negocio desses – esbravejei, nao querendo nem nesse momento, deixar a vaidade de lado.
Comecamos desesperadamente a tentar casar algo dali com nossos pes. Eu, com 1.86m e ela, com 1.84 – era pivosona da selecao de basquete da republica tcheca-, calcavamos 42, logo, nada feito. Indiano tem pesinho…
Saimos andando pelo beco diagonal; eu na frente, muito bravo ante ao sorriso sarcastico do povo local, e ela atras, tentando ver se achava uma chinela pra comprar naquele lugar.
Meu pe fedia, creio veemente, que o dela tambem.
Quem me conhece, sabe bem a maneira que adentrei o hotel; andando calmamente, conversasndo com a Thceca, rindo alto, pra dar a entender que eu estava muito alem do que um par de reebok. Nao estava. Se pudesse, recuperaria meu tenis.
Fazendo a curva do saguao, longe da vista dos recepcionistas, manobristas, concierges, disparamos para o elevador, na esperanca de estar o mais rapido possivel com os pes de molho.
Cansei de choque cultural, desejo agora ir para lugares distantes, mas onde esse tipo de coisa nao va me acontecer.
E entao eh isso, cumprindo a fidelidade com meu blog, voces tem o relato de algo inusitado que me ocorreu.
Termino agora, deixando abraco a todos ai…

Faaaa, nao faz a Joao, hein….

Bjs a todos


ps. Nao aderi ainda a reforma ortografica, esse lap nao tem acento mesmo. Minhas desculpas.

terça-feira, 2 de junho de 2009

EU VIM DE LÁ, EU VIM DE LÁ, PEQUENININHO....

Ae... um salve pra todo mundo!
Nao vejo a hora de fazer a postagem no blog. Havia esquecido o quanto gosto de escrever.
Gostaria de poder dividir com todos um cotidiano robusto de detalhes da vida dubaiana, entretanto nao tenho vida social aqui. Minhas atividades se resumem a ir para a academia e ficar sentado na beira da piscina de alguns hoteis com minha unica amiga Clara Estela.
Uma morena bonita, de olhos esbugalhados, cabelos compridos, sorriso franco. Em contrapartida, è um pouco egocêntrica, fala o que der na telha, um tanto chata e prepotente que as vezes me pergunto como è que pôde haver uma sintonia entre nossas personalidades.
Clara Estela terminou o colegial e com muito sacrificio, fez um cursinho de inglês nessas escolinhas que encontramos uma em cada bairro, em simultâneo com o emprego que tinha nas casas Bahia. Terminou o cursinho, e hoje trabalhamos na mesma empresa em Dubai.
Particularmente me divirto com essa moça, principalmente com expontaniedade de suas respostas. Se perguntada sobre sua naturalidade, num tom sério dispara:
_ Sou filha de pai de Mauá e mae de Barueri. – deixando o interlocutor supreso com a precisao genealógica.
Estávamos, Clara Estela e eu, na beira da piscina no topo de um hotel aqui em Dubai. Como de hábito, nao fazíamos nada. Bebíamos um suco escutando Ipod, dedos do pè em forma de leque… vida de Pachá, quando decidiu ligar para sua irma em Sao Paulo.
_ Vou ligar do celular mesmo, sò para dizer um “oi básico” .
Compôs o número no telefone móvel, uma última sugada no suco, costas no respaldo da cadeira, uma tomada de fôlego…
_ Alô….. oi, alôôôô… sou eu, Clara Estela, onde você est….. – nao terminou a frase e desligou bruscamente o telefone.
_ O que aconteceu? - perguntei preocupado
Levou um tempo para que ela respondesse. Tinha no rosto um olhar perdido no horizonte.
_ Nao estava escutando o que ela dizia, aí, de repente veio uma campainha e uma voz: “estaçaaao terminaal Corinthians Itaquera…”. Foi mais forte que eu, desliguei.

Subtitulo:

VISITANDO OS PRIMOS DISTANTES

Continuo no ecstasy desse trabalho. Descubro lugares, pessoas e culturas diferentes, e cotinuo me deliciando feito criança em festa de cosme.
Receio, confesso, de que um dia isso passe, e que visitar um pais seja apenas “mais um voo”. Por hora, isso ainda está longe de acontecer.
Nesse meu segundo mês de voo, estava febril para visitar a Africa; queria ver preto de verdade, da Africa… ver um pouco de onde vem o excesso de melanina da minha pele.
Primeiramente, tentei trocar um voo para a Nigèria, mas me colocaram para a Africa do Sul. Frustrante para mim, visto que loiros de olhos azuis fazem parte da paisagem étnica local – nada contra loiros de olhos azuis, cuidado com a má interpretaçao –
Era época de eleiçao por lá, e pelo pouco que conversei com algumas pessoas, pude ver que ainda é tensa a relaçao entre negos e brancos, no pós-apartheid.
Um outro lugar muito interessante, foi a Tanzânia, capital Dar es Salaam.
O aeroporto internacional, me lembrou uma rodoviária de cidade pequena nordestina. Nao havia nada. Uma semelhança com a rodoviària do Tietê, é que as pessoas ficavam penduradas na grade, esperando por algum parente.
Do lado de fora, tivemos que esperar pelo onibus – vou chamar de ônibus- que nos levaria para o hotel, o que me deixou a mercê de olhares e comentàrios do povo local. Sabe quando sabemos que estao falando da gente?
Eu era o único negro da tripulaçao, acho que é por isso que se identificaram comigo.
_ MATUBU CLE CA MA LÊLÊ! – alguém gritou em minha direçao.
Esses pretos, veem um outro preto, mas esse de traços finos e rosto harmoniosamente desenhado, e se acham no direito de tirar um sarro, ou tentar a comunicaçao na lingua local. Nao preciso dizer que nenhum musculo do meu rosto se moveu em direçao ao profetizador daquela onomatopéia desconhecida. Queria deixar claro para ele que qualquer semelhança, era sim, mera – bem mera- coincidência.
_ HE MATUBU CLE CA MA LÊLÊ! – insistiu
Eu já estava desejando que o ônibus estivesse ali, mas nada da "princesinha do agreste" chegar.
Criei trauma de ser o centro das atençoes em lugares desconhecido. Pequim, ainda estava viva em meu espìrito.
A tripulaçao me olhava, e uma comissária coreana – tinha que ser – nao se conteve:
_ Acho que è com você. Nao vai responder? Traduz o que ele está falando….
No olhar que eu a lancei, ela sentiu que eu declarava naquele momento a guerra entre Brasil e Coréia.
Dois pretos se aproximaram. Um atarracado, gordo e sem pescoço, o outro magro e alto. Pela terceira vez, tentaram me falar com aquele som desconhecido. Por minha vez, de uniforme, tinha que ser muito polido:
_ Desculpe senhor, eu nao falo essa lingua, o senhor fala Inglês?
O atarracado se surpreendeu:
_ Nao fala essa língua, ou está negando suas orígens?
Era só o que me faltava. Revelei mais que depressa minha nacionalidade, e a conversa mudou de tom. Os dois, disseram alto que eu era brasileiro, e mais cinco se juntaram ao grupo. Pronto; eu novamente o Bozo, só que desta vez, na Tanzânia.
_ Brasileiro? Entao me diz a escalaçao da seleçao tri campea de 70?
Agora era chamada oral esportiva.
Porque ele nao me perguntou o elenco de “A Favorita”, que eu respondia para ele até em ordem alfabética??? Ficafazendo pergunta dificil...
Antes que pudesse dizer algo, ele mesmo me respondeu a escalaçao, e um outro preto, com uma careta horrenda e mao no queixo, teceu um comentário que me deixou muito, muito nervoso.
_ Nossa, mas o Brasil é no fim do mundo, quanto tempo de aviao até aqui? Três dias?
Vejam bem, eu estava na Tanzânia, num aeroporto internacional que parecia uma rodoviària e cheirava urina mais que banheiro do metrô, sendo sabatinado sobre futebol e tendo que escutar que o Brasil ficava no fim do mundo.
A jardineira enfim chegou, e se despediram de mim calorosamente. Quando botei o pé no primeiro degrau do ônibus, o atarracado mandou mais uma:
_ BOLA LELE QUI CA MA MOTUTU?
Senti o poder que o uniforme tem de restringir nossas açoes, mesmo que queiramos fazer um simples movimento de dedo, torna-se impossìvel…
Dia Seguinte, máquina a tira colo, saí por Dar es Salaam. Peguei balsa, andei numa espécie de “largo da concórdia” local. Sentei na calçada, comi sardinha seca com pimenta, vendida na barraquinha, e nem tive revertério. Até peguei ônibus. Tem coisas, que fazemos apenas uma vez na vida, pegar esse ônibus foi uma delas.
Nao tive tempo de ver o Kilimanjaro, tampouco ir para a ilha de Zamzibar, mas fica para a próxima. Agora os planos sao de visitar Gana, Costa do Marfim, Uganda, e Angola.
Curti muito. De longe meu melhor passeio até agora!
Próximo voo, o último do mês, é para um lugar muito distante de Dubai, um dos vôos mai longos do planeta. Ir trabalhando, ficar apenas 29 horas e voltar, vai ser dificil, ainda mais com um povo alegre, cheio da lábia, conversador e exigente. Compram a passagem em 10 vezes com o cartao do amigo, e se acham reis quando sobem a bordo da aeronave. Se acham os melhores, os mais mais… Tudo no pais deles é melhor que em qualquer outro lugar do globo…
É a única nacionalidade que quando se encontra numa situaçao justa e para nao perder a pose pregunta:
_ Você sabe com quem você està falando??...

SAO PAULO

Vivi quase dez anos na Europa e nunca senti tanta vontade de voltar para casa como sinto agora, vivendo no Oriente Mèdio. Talvez sejam os sobrinhos, ou os 47 graus celsius que tive que enfrentar indo ao mercado, que me deixam com saudades de Sao Paulo. Embora tenha feito dezena de vezes o caminho aeroporto- minha casa, desta vez eu nao desgrudava da janela… nunca imaginei que ao ver as favelinhas da marginal, ficaria feliz. Foi um tempo curto, vi apenas familia, e no domingo, dei uma passada rápida no samba. Me acabei no samba-rock, e na gafieira (que ninguém teça comentários), voei pro aeroporto, pois já estava na hora de voltar. O voo de volta, foi transtornado, pois os passageiros – muitos libaneses indo para as eleiçoes no libano -, descobriram a fatalidade do voo da air france, e alguns tinham parentes naquele mesmo vôo, que iriam para o Libano mas com escala em paris. Bom, nao havia muito o que dizer nessas horas, mas creiam, o caminho de volta para Dubai foi muito longo. É isso, queria terminar deixando aqui um pensamento para meus ex colegas da Air France, companhia a qual trabalhei durante 6 anos, e que muitas vezes estive a bordo de um A330, na rota Paris - Sao Paulo. Proximo blog será em julho, visto que estarei de férias em junho e sem muita coisa para contar. Beijo grande para todos vocês! Ps. Desculpem a acentuçao gráfica e eventuais erros, mas estou em um pc que nao tem corretor automático em português.

domingo, 26 de abril de 2009

A IMPORTANCIA DA LOGOMARCA NA VIDA DE UM ATREVIDO

Falaê...
Essa vida está realmente me cansando. Não faço nada aqui, apenas vou pra academia e fico esperando o próximo vôo. As vezes me aborreço e vou pra algum hotel que tem parcerias com a empresa, e fico lá, sentado na beira da piscina esperando o tempo passar.
Saudade de um tanto de gente que não dá nem pra falar; alguns deles matarei a saudades em maio, pois vôo pra São Paulo, ficando apenas 29 horas por ai. Bom, vamos ao texto.
Subtítulo:

A LOGOMARCA E O ATREVIMENTO

A IMPORTANCIA DA LOGOMARCA NA VIDA DE UM ATREVIDO
Estava ansioso pois seria minha primeira vez na Ásia. Ansioso também, pois estaria a bordo um grande amigo que a muito eu não via.

Depois do jantar, ficamos papeando ali perto da porta no fundo do avião; o dia já amanhecia (íamos contra o sol). Nas vírgulas de nossa conversa, espiávamos o Himalaia que se impunha grandiosamente sob a aeronave. O Sebastien se tornou um grande amigo, daqueles que conta muito em nossas vidas. Nos conhecemos há anos atrás, na época da Sorbonne.

Marcamos de nos encontrarmos em frente a uma estação de metrô no centro de Pequim, pois ele me conduziria a “25 de marco local”.
No caminho para o hotel, eu desfrutava do orgasmo de estar numa paisagem desconhecida, com um povo totalmente diferente. Só quem tem o gene nômade no sangue para saber o que eu sentia. Larguei as coisas no quarto, e pedi para o concièrge explicar ao taxista onde eu queria ir.

No transito, fique apreensivo ao ver bicicletas, carros, patinetes, taxi-bicicleta, atravessarem uns o caminho dos outros sem o menor pudor.
Desci do táxi e comecei a procurar pelo Sebastien. Estava frio em Pequim e eu estava com uma blusa de lã que mostrava nitidamente o corpo de árdua academia.

Umas meninas pediram pra tirar foto comigo. Estranhei, afinal não sou tudo isso... mas olhando ao redor, me lembrei daquela frase que denigre um feio: “fulano não é bonito nem aqui nem na China”. Isso é realmente um insulto muito grande, pois na china, todo mundo é... igual. Me perguntei porque queriam tirar fotos comigo, aí me liguei que na china não tem negão. Bom, não podia perder o foco, precisava encontrar o Sebastien para me levar onde é que tinha Iphone por 200,00 reais. Ele não estava lá. Andei pela redondeza, fui até a catraca do metrô (senti mais uns olhares em minha direção), e nada. Uma leve sensação de que eu estava perdido e que a coisa ia ficar pior, começou a me atravessar o espírito. Tentei pedir informação para saber se havia outra saída do metrô, mas ninguém me respondia. Ninguém falava Inglês; meu desespero me fez tentar o Francês. Nada. Português, espanhol... acabou meu repertório. Vi que eu estava simplesmente ferrado. Já sentia o sovaco embevecido com a sudorese. O ruim não era estar perdido e tentar conseguir informação. O frustrante era que, além de não conseguir, ter que sorrir pra sair na foto com as crianças de uma escola, que não paravam de pedir pra posar. Aquilo estava me incomodando. Ninguém dava a mínima para o que eu falava ou minha agonia. Senti uma pontada na barriga. Porque ô diacho, quando estamos numa situação a qual não temos controle, é logo “a boca do Antônio”, que abandona a gente em primeiro? Estava ferrado. Eu não conseguia me fazer compreender em nada, e acho que no caso de um piriri no centro de Pequim, eu não teria COMO pedir ajuda.

O instinto de sobrevivência falou mais alto. Peguei pelo braço uma chinesinha que veio pedir pra tirar foto, e saí andando com ela. Cheguei na frente de um telefone público e comecei a desesperadamente bater no aparelho, tirar o telefone do gancho, fazendo de conta que discava e que queria falar com alguém. O povo parou pra me ver encenar... era motivo de cochichos e olhares.
Ela entendeu, e me levou para comprar um carão telefônico, e liguei para o Sebastien. Tudo isso, ou só isso, aconteceu em apenas 1h45. Ou seja, consegui comprar um cartão telefônico em Pequim em 1h45.

Com seu sotaque pesado, e aquela brabeza marroquina, ele respondeu ao telefonema:
_ Onde você está? Estou esperando você tem muito tempo já.
_ Eu não sei.
_ Como não sabe, você não pegou o táxi?
Concluímos que o taxista me havia deixado no lugar errado.
_ Cássio, então você pega um taxi....
_ NÃO!! VOCÊ VEM ME BUSCAR AQUI E AGORA. E RÁPIDO. Ele sentiu o desespero e nervosismo.
_ Tudo bem, me descreva onde você está, me dá uma referência.
_ Tô num cruzamento com um farol no meio.
Parece tosco, mas era o que eu podia descrever, não sabia ler aqueles tracinhos para poder decifrar o nome da rua. Sem contar, que meu cérebro a essa altura, estava borbulhando, e a cabeça latejando.
_ Cássio, como você vai querer que eu “vai” até aí, se você não sabe dizer nada.
Ergui a cabeça em direção aos céus, como se colocasse meus neurônios em ordem...
No alto de um edifício havia em neon, a marca da Philips, e no prédio da frente...
_ Estou no cruzamento da rua, que tem um prédio com a logomarca da Philips em cima, e no prédio da frente, tem a logomarca da LG. No pé desse prédio, tem uma Pizza Hut enorme...
_ Já sei, estou indo...
Ufa... Hoje, dias depois, vi que o fato de ser um cara viajado e falar idiomas, não me dá autoridade alguma para subestimar um lugar desconhecido. Fui atrevido. Com toda essa bagagem e tarimba, dancei bonito em Pequim. Me deu a sensação de ter sido o Bozo dos chineses durante aquela tarde... fui o escárnio em pessoa na porta daquela estação de metrô.
A noite fomos jantar num Pf chinês, e depois ficamos andando por umas ruelas atrás da cidade proibida, andamos umas 3h. Paramos em um barzinho simpático, com mangás nas paredes... tomamos cerveja de gengibre, rimos do passado, comentamos o presente...

A vida tem mesmo dessas coisas, de fazer com que pessoas desaparecidas se encontrem em lugares onde nunca pensaríamos estar. O acaso rende uma viagem muito mais interessante.

Abraços